A
Primeira Luta contra Carlin
Um
Balanço Necessário
por Gustavo Olimpio,
sindicalista e militante do PSTU
sindicalista e militante do PSTU
Gustavo Olimpio em manifestação do quadro administrativo da educação |
Hoje,
em assembleia nas escadarias da igreja São Gonçalo, os profissionais da
educação do município de Contagem decidiram aceitar a proposta salarial
oferecida pelo prefeito Carlin Moura (PCdoB). O prefeito impôs à categoria a
divisão do INPC em duas parcelas (5% retroativo a maio + 2,16% em outubro), o
que significa uma perda bruta de R$ 225,00 reais para os professores e R$
100,00 reais para o quadro administrativo em relação à inflação. Significa também
que, no primeiro ano de gestão do PCdoB, o prefeito descumpre uma de suas
principais promessas de campanha e os servidores da educação não terão seus
salários valorizados.
A
assembleia de hoje foi muito dividida em sua votação final. Parte significativa
dos presentes queria rejeitar a proposta e continuar o processo de mobilização,
mesmo que ainda não tivesse clima de greve. Eu estive entre os que defenderam
esse ponto de vista, que achei o mais adequado para nossa categoria, visto que
a proposta é muito ruim, não é suficiente para de fato nos valorizar, e ainda
havia espaço para mobilizar e fazer pressão sobre a prefeitura. Mas o
entendimento da maioria foi que era melhor encerrar a campanha, aceitando a
proposta do governo e acumulando forças para o ano que vem. Ainda que por uma
pequena diferença, venceu democraticamente a segunda opinião.
Carlin Moura decepcionou a categoria
Aqueles
que não estavam na assembleia podem ficar com a sensação de que, como a
categoria aprovou a proposta, ela deve acha-la boa, ou estar de alguma forma
apoiando Carlin. Nada é mais falso que isso. As avaliações feitas pelos
servidores presentes, assim como as conversas dentro das escolas, mostram que
os profissionais em educação estão revoltados com a prefeitura e que consideraram essa proposta
um verdadeiro estelionato eleitoral.
Apesar
da divisão nos encaminhamentos da luta, a categoria está unificada na
compreensão de que Carlin Moura veio fazer um governo como todos os outros, que privilegia os ricos e os políticos,
em detrimento dos servidores e da qualidade do serviço público. A ampla
coalisão PCdoB-PMDB-PSDB (além de outra dezena de siglas de aluguel) serviu
para ganhar as eleições, mas não serve para governar para os trabalhadores. A
única prioridade do prefeito Carlin Moura é agradar seus financiadores de
campanha, e eles não usam os serviços públicos da cidade.
Não temos saudades de Marília Campos
Em
muitos momentos, durante as assembleias da campanha salarial, um pequeno grupo
de militantes do PT usou a palavra para atacar a gestão de Carlin Moura.
Acontece que muitas dessas figuras do PT estiveram compondo o governo Marília
Campos, e apoiaram todos os ataques ao serviço público feitos nos últimos oito
anos. Entre os quais podemos destacar a lei que obrigou centenas de servidores
a trabalharem doentes, a ampliação significativa da terceirização, a recusa na
aplicação das 30 horas para o quadro administrativo e para a saúde, a
truculência injustificável de Lindomar a frente da SEDUC, o fechamento das
FUNECs, o desmonte da EJA e um longo etc...
Uma
das forças dos sindicatos é que eles não dividem os trabalhadores de acordo com
suas ideologias, seus partidos, suas posições políticas. Acho muito bom que o
PT tenha voltado às assembleias e esteja disposto a lutar contra Carlin e sua
política de arrocho salarial. O que não posso aceitar é que se esqueça do
sofrimento passado, das traições, de 8 anos de desastre político para os
servidores de Contagem que foi a gestão da prefeita Marília Campos.
Se
o PCdoB está errado quando coloca toda a culpa de seus erros no governo do PT,
também o PT está errado quando tenta fazer o povo esquecer que a maioria dos
problemas da cidade não foram resolvidos em seus oito anos de governo.
Só a luta pode garantir a educação pública
que queremos
O
único caminho para conquistar nossa pauta histórica de reivindicações é através
da luta. É impensável que os governos que estão aí (sejam da esfera municipal,
estadual ou federal) irão entregar de mãos beijadas uma educação pública,
gratuita e de qualidade, com a valorização que o profissional de educação
merece. A agenda desses governos está atrelada a interesses empresariais, dos
grandes tubarões do capitalismo brasileiro, e os interesses dessas grandes
empresas não é conciliável com o interesse da imensa maioria do povo
brasileiro, incluindo aí os servidores públicos e aqueles que dependem desses
serviços.
Nesse
momento, minha solidariedade fica com os servidores em greve da saúde de
Contagem, que pertencem a uma das categorias mais exploradas que conheço.
Ofereço todo meu apoio a sua luta e desejo que, em breve, saúde e educação
possam marchar juntos numa grande greve unificada dos servidores públicos do
município.
Até
o fim do governo Carlin teremos muitas lutas. Em todas elas, a prefeitura
encontrará alguma desculpa para não atender nossas reivindicações. Uma delas,
que já é utilizada, é que a prefeitura está endividada. Dívida essa que está
sendo irresponsavelmente dobrada pela atual administração e seus seguidores na
Câmara dos Vereadores.
Eu
não considero que a campanha desse ano foi derrotada, por que ela serviu para
conscientizar os trabalhadores em educação, para que a categoria entendesse que
tipo de governo estamos enfrentando. A partir de agora, precisamos unir a
educação, redobrar nossas forças, por que só teremos duas alternativas: passar
quatro anos acumulando perdas ou fazer uma grande luta em defesa dos nossos
direitos!
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