Muito tem se discutindo o papel da mídia, desde das Jornadas de Junho, ficou claro para uma grande parcela da juventude e dos trabalhadores em geral, seu papel nefasto. Porém ainda é grande a o setor da sociedade que acredita na imparcialidade de imprensa. Por isso nós do PSTU-Contagem decidimos postar um texto de Antonio Grasmici¹, um pequeno texto, sim bem pequeno, mas de grande valor.
Boa leitura, a redação.
Os
Jornais e os Operários
É a época da publicidade
para as assinaturas. Os diretores e os administradores dos jornais burgueses
arrumam as suas vitrines, passam uma mão de tinta pela tabuleta e chamam a
atenção do passante (isto é, do leitor) para a sua mercadoria. A mercadoria é aquela
folha de quatro ou seis páginas que todas as manhãs ou todas as tardes vai
injetar no espírito do leitor os modos de sentir e de julgar os fatos da
atualidade política que mais convém aos produtores e vendedores de papel
impresso. Estamos dispostos a discorrer, com os operários especialmente, sobre
a importância e a gravidade daquele ato aparentemente tão inocente que consiste
em escolher o jornal que se pretende assinar?
É uma escolha cheia de
insídias e de perigos que deveria ser feita com consciência, com critério e
depois de amadurecida reflexão. Antes de mais, o operário deve negar
decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recorda-se
sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um
instrumento de luta movido por idéias e interesses que estão em contraste com
os seus. Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma idéia:
servir a classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a
classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês
sente e revela esta preocupação. Mas o pior reside nisto: em vez de pedir
dinheiro à classe burguesa para o subvencionar a obra de defesa exposta em seu
favor, o jornal burguês consegue fazer-se pagar pela própria classe
trabalhadora que ele combate sempre. E a classe trabalhadora paga,
pontualmente, generosamente. Centenas de milhares de operários contribuem
regularmente todos os dias com seu dinheiro para o jornal burguês, aumentando a
sua potência. Porquê? Se perguntarem ao primeiro operário que encontrarem no
elétrico ou na rua, com a folha burguesa desdobrada à sua frente, ouvirão esta
resposta: É porque tenho necessidade de saber o que há de novo. E não lhe passa
sequer pela cabeça que as notícias e os ingredientes com as quais são
cozinhadas podem ser expostos com uma arte que dirija o seu pensamento e influa
no seu espírito em determinado sentido. E, no entanto, ele sabe que tal jornal
é conservador, que outro é interesseiro, que o terceiro, o quarto e quinto
estão ligados a grupos políticos que têm interesses diametralmente opostos aos
seus. Todos os dias, pois, sucede a este mesmo operário a possibilidade de
poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos,
mesmo os mais simples, de modo a favorecer a classe burguesa e a política
burguesa com prejuízo da política e da classe operária. Rebenta uma greve? Para
o jornal burguês os operários nunca têm razão. Há manifestação? Os
manifestantes, apenas porque são operários, são sempre tumultuosos, facciosos,
malfeitores.
O governo aprova uma lei?
É sempre boa, útil e justa, mesmo se não é verdade. Desenvolve-se uma campanha
eleitoral, política ou administrativa? Os candidatos e os programas melhores
são sempre os dos partidos burgueses. E não falemos daqueles casos em que o
jornal burguês ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter
na ignorância o público trabalhador. Apesar disto, a aquiescência culposa do
operário em relação ao jornal burguês é sem limites. É preciso reagir contra
ela e despertar o operário para a exata avaliação da realidade. É preciso dizer
e repetir que a moeda atirada distraidamente para a mão do ardina é um projétil
oferecido ao jornal burguês que o lançará depois, no momento oportuno, contra a
massa operária.
Se os operários se
persuadirem desta elementaríssima verdade, aprenderiam a boicotar a imprensa
burguesa, em bloco e com a mesma disciplina com que a burguesia boicota os
jornais dos operários, isto é, a imprensa socialista.
Não contribuam com o
dinheiro para a imprensa burguesa que vos é adversária: eis qual deve ser o
nosso grito de guerra neste momento, caracterizado pela campanha de
assinaturas, feitas por todos os jornais burgueses. Boicotem, boicotem,
boicotem!
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