segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A reabertura das FUNECs e a educação pública em Contagem

Por Gustavo Olímpio,
Professor na rede pública de Contagem, ex-candidato a prefeito pelo PSTU e coordenador do Sind-UTE Contagem.




O Prefeito Carlin anunciou com estardalhaço, no primeiro dia do seu mandato, a reabertura de 13 unidades da FUNEC. Muitos comemoram a “volta” da fundação. Não podemos negar que é uma conquista a volta das unidades. Uma conquista, diga-se de passagem, da luta dos servidores, dos estudantes e da população, que se mobilizaram nos últimos anos contra o fechamento (e, depois, pela reabertura) das unidades. Mas ainda está longe de ser a FUNEC que queremos.

Os problemas continuam. Somente duas unidades irão oferecer ensino técnico, Centec e Riacho, a pergunta que fica é: as outras regiões? Elas terão apenas o ensino médio regular?

Sei bem da competência dos professores e profissionais que trabalham na FUNEC, estes que transformaram esta fundação na marca de qualidade que ela possui. Mas sabemos bem que a forma como a fundação é estruturada limita, e muito, a melhora da educação. As unidades funcionam em regime de coabitação com escolas da rede municipal à noite (algumas poucas durante o dia), onde os alunos do ensino médio convivem com alunos do ensino fundamental.

Mesmo nos prédios do Centec e Riacho, onde será oferecido o ensino técnico integral, a estrutura ainda é precária. Os alunos, que passam o dia inteiro nestas unidades, não têm direito a refeição, tendo que levar marmita de casa ou pagar pelo almoço. Como fica o aluno que tem poucas condições? Sequer é garantido um lugar adequado para almoçar, muitos sentam na escadaria da Igreja São Gonçalo.

Para que possamos ter um ensino médio de qualidade é necessário mais do que as FUNECs abertas. É necessário que tenhamos um investimento maciço na construção de prédios, com laboratórios, valorização dos trabalhadores e estrutura que possa oferecer um ensino integral de qualidade.

E mesmo assim não podemos resumir o problema da educação em nossa cidade à questão da FUNEC. Carlin ainda não anunciou como será a reforma de nosso plano de carreira, as 30 horas para o quadro administrativo, a valorização das trabalhadoras da educação infantil, como vai ficar a questão das creches para as mães trabalhadoras, dentre outras questões urgentes que merecem resposta.

Ainda falta muito para que possamos de fato ter uma verdadeira revolução na educação em Contagem, mas tenho confiança na luta e na organização dos trabalhadores e do povo da cidade. O único caminho que conheço para as mudanças reais é o da mobilização popular. Colocarei meu mandato como coordenador do Sind-UTE a serviço desse caminho. Parafraseando um pouco o velho barbudo: “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”. Muitos bons companheiros se perderam por acreditar mais nos governos que na luta do povo. Não façamos o mesmo dessa vez. Vamos levantar nossas bandeiras, botar o povo na rua e manter nossas mãos livres pro que der e vier.

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