quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Uma vez mais sobre a Ucrânia


Observadores independentes de esquerda confirmam que os nazistas e ultranacionalistas estiveram, muitas vezes, à frente dos confrontos com a polícia, mas não foram, de forma alguma, a direção política daquele processo. Se no início poderia haver dúvidas quanto à justeza das demandas, a massificação da luta mostrou que a exigência de "Fora Yanukovich" era o pano de fundo de tudo e por isso essa exigência superou qualquer outra reivindicação, inclusive a reivindicação do tratado com a UE. As imagens do povo ucraniano se maravilhando com o interior dos luxuosos palácios secretos de Yanukovich lembra muito o que aconteceu na Líbia após a queda e morte de Kadafi. São processos parecidos. 

Existe o perigo da ultra-direita se fortalecer em base ao desgaste da esquerda ucraniana (quase toda stalinista e portanto colaboradora de Putin)? É óbvio. É provável uma vitória da direita tradicional, "laranja", pro-imperialista? É quase certa esta vitória! Mas isso não nos deve assustar. O perigo histórico é a própria sombra de toda grande reviravolta política. Jamais se separam. Portanto, a questão não é essa. A questão é: imaginem a confiança que o povo ucraniano sente hoje em suas próprias forças! Imaginem a desmoralização da polícia, obrigada a se ajoelhar em praça pública e pedir desculpas ao manifestantes! Imaginem a experiência adquirida em confrontos violentos, inclusive armados! Imaginem o medo da burguesia diante da mínima ameaça de retomada das mobilizações! Que os comentaristas da luta de classes chorem e se lamentem. A história não está nem aí para eles.

Por Henrique Canary

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